Voz das OSCs
Mentes Abertas: Como Transformar seu Olhar sobre Inclusão da Diversidade?
17 de outubro de 2025
E se abríssemos a cabeça? Abrir a cabeça é, antes de tudo, um convite para transformar seu olhar. Muitas vezes nos pegamos presos a uma única versão da realidade, geralmente aquela que mais ressoa com nossos valores pessoais. O risco das histórias únicas é que elas limitam nossa forma de compreender e viver o mundo. […]Por Laura Bruscagin e Natália Monaco

E se abríssemos a cabeça?
Abrir a cabeça é, antes de tudo, um convite para transformar seu olhar. Muitas vezes nos pegamos presos a uma única versão da realidade, geralmente aquela que mais ressoa com nossos valores pessoais. O risco das histórias únicas é que elas limitam nossa forma de compreender e viver o mundo. Abrir a cabeça é ser capaz de olhar para o fato e se perguntar “será que tem mais de um jeito de entender isso?” e estar aberto para enxergar novas perspectivas. É algo que requer esforço, muita força de vontade e, acima de tudo, generosidade consigo e com os outros. Mas, por mais que seja um convite, essa frase pode causar estranhamento. Quando o assunto é o diferente, o convite para abrir a cabeça assusta. Cala. Paralisa. Gera medo. Quando falamos de diversidade, ainda encontramos muitas cabeças fechadas que levam a portas fechadas e resultam em menos oportunidades e possibilidades de pleno desenvolvimento. Mas por que temos tanto medo do que é diferente de nós?
Por que a diversidade gera medo?
Estudos da neurociência mostram que o subconsciente tem como principal missão nos manter seguros. Ele identifica padrões, busca o familiar e aciona alertas diante do desconhecido, o que explica a estranheza inicial frente ao novo ou ao diverso. É como se nosso cérebro dissesse: “isso não faz parte do que conheço, melhor ter cuidado”. Mas, da mesma forma que aprendemos a dirigir ou a falar um novo idioma, também podemos treinar o cérebro a lidar com a diversidade. Ao sermos expostos a diferentes culturas, corpos, histórias e formas de viver, nosso subconsciente se acostuma, o medo diminui e a empatia cresce. Ou seja: quanto mais apresentamos a diversidade ao nosso cérebro, mais natural ela se torna.
Educação é o caminho para abrir a cabeça
Abrir a cabeça não é simples. Exige educação formal, emocional e vontade de aprender. E o que vem à mente quando falamos de educação no Brasil? Para muitos, falar de educação é falar sobre desafios. Para outros, é falar de esperança e de futuro. A realidade é que educação é um pouco dos dois, principalmente quando falamos de garantir o direito à educação a todas as crianças do nosso país. Precisamos sim reconhecer os enormes desafios para que a escola seja, de fato, um espaço seguro, inclusivo e capaz de acolher todas as pessoas. Mas também precisamos entender que educação não é apenas sobre passar no vestibular, mas sim, sobre criar cidadãos capazes de melhorar o mundo em que vivem. E essa criação de cidadãos conscientes passa diretamente pelo ensino de habilidades como empatia e pelo ensino sobre as diferenças. Ensinar sobre diversidade na infância significa formar adultos mais conscientes, empáticos e preparados para viver em sociedade. Mas o que acontece quando as escolas não se abrem para receber o diferente e para educar sobre ele? A exclusão se perpetua. O que acontece quando continuamos acreditando que o maior problema da educação brasileira é um problema de aprendizagem e não de ensinagem? A evasão escolar continua afetando milhões de crianças e jovens, sobretudo aqueles em situação de vulnerabilidade. De acordo com a UNICEF (2021), mais de 5 milhões de crianças e adolescentes estão fora da escola no Brasil, um número que evidencia a urgência de iniciativas que combatam a exclusão e garantam o direito à educação para todos. Quase 7 milhões de estudantes disseram ter sofrido algum tipo de violência na escola no último ano. Quanto ao bullying especificamente, o percentual sobe para 33% entre os que responderam à pesquisa (DataSenado 2023). Entre professores, estudo da Nova Escola (2022) revelou que 67% já pensaram em deixar a profissão devido à desmotivação, sobrecarga e falta de apoio. Esses números reforçam a urgência de abrir a cabeça não só para a diversidade mas também para novas práticas pedagógicas, capazes de transformar a escola em espaço de acolhimento, diversidade e aprendizado real.
A resposta da Turma do Jiló
Na Turma do Jiló, vivemos o desafio de abrir a cabeça para o diferente todos os dias. Nossa missão é clara: não deixar ninguém para trás. Fazemos isso porque estudantes com deficiência ou parte de outros grupos da diversidade, famílias periféricas e grupos historicamente minorizados ainda encontram barreiras que dificultam seu pleno desenvolvimento. Para responder a esse desafio, a Turma do Jiló criou o Programa de Educação Inclusiva (PEI), uma iniciativa alinhada à Base Nacional Comum Curricular (MEC, 2017) e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (2015) com o objetivo de garantir uma educação equitativa, inclusiva e de qualidade para todas as pessoas, diminuir a evasão escolar e os casos de bullying.
O programa propõe práticas pedagógicas inovadoras, seguras e colaborativas, fortalecendo o compromisso com uma escola que acolhe e valoriza a diversidade. Ao longo dessa trajetória, construímos uma metodologia própria — a Metodologia 360 — que garante que ninguém fique de fora do processo de transformação. A Turma do Jiló acredita que uma educação transformadora só acontece quando envolve toda a comunidade escolar: estudantes, educadores e famílias. Nossa atuação combina formação, escuta ativa e apoio contínuo para que escolas públicas se tornem ambientes de aprendizado inclusivo, livre de violência e abertos à diversidade. Desde 2015, já atendemos mais de 11 escolas públicas, sendo que em uma delas reduzimos a evasão escolar de 37,5% para 0,5%, formamos mais de 220 mil professores em educação inclusiva, impactamos mais de 10.000 estudantes e famílias impactadas, direta ou indiretamente. Ao todo, mais de 5 milhões de pessoas tiveram suas vidas transformadas pela educação com a Turma do Jiló.

Em 2025, a Turma completa 10 anos e nosso convite é: que tal se abrir para o diferente você também? Primeiro, abra a cabeça. Depois, vá abrindo portas, espaços e oportunidades. É como a nossa história comprova: quando escola, família, comunidade e sociedade se unem, os resultados são duradouros. Seguiremos firmes no compromisso de assegurar que nenhuma pessoa seja deixada para trás, multiplicando oportunidades, reduzindo desigualdades e formando cidadãos preparados para os desafios de um mundo plural. Acreditamos que cada criança e cada jovem merece ser visto, ouvido e apoiado. E é isso que continuará guiando a nossa missão: transformar a educação no Brasil a partir da inclusão.
Como apoiar o futuro da educação brasileira com a Turma do Jiló?
Chegar até aqui só foi possível graças à confiança de pessoas e organizações que acreditam na nossa causa. Mas ainda há muito a fazer. Milhares de crianças, jovens, educadores e famílias seguem enfrentando barreiras para viver plenamente o direito à educação inclusiva e de qualidade. Convidamos você a se juntar à Turma do Jiló neste compromisso de transformar realidades.
Seguimos acreditando que o fortalecimento da educação inclusiva depende da união de pessoas e organizações comprometidas com um futuro mais justo. É com essa rede de colaboração que a Turma do Jiló segue ampliando seu impacto e inspirando novas práticas. Quem quiser conhecer mais sobre nossa trajetória pode visitar nossos canais oficiais.
E-mail: contato@turmadojilo.org
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Vamos abrir a cabeça?